terça-feira, fevereiro 14, 2006

brokeback mountain

No outro dia, li não sei quem, escrever algures (um blog suponho) que quando foi ver o, em português, Segredo de Brokeback Mountain o público se tinha portado muito mal. Com risadinhas e comentários fora de ordem.
Na altura achei praticamente impossível que isso se passasse e achei que certamente quem assim observava provavelmente teria empolado alguma gargalhada nervosa no meio da assistência.
O que é certo é que fui ver o filme ontem à noite e só não estendi uma bofetada para a fila de trás porque me arriscava a fazer figura de parva e não acertar em ninguém.
Começou logo no título traduzido pelas criaturas como "o segredo dos gays" e pelos visto isto deu origem a muita exitação na fila de trás... e depois disso eram os comentários jocosos sobre a virilidade das duas personagens... and so on and so on... enfim...
O melhor que arranjei foi "desculpem meninas, isto é um cinema não é um café" e mesmo assim o meu coração ficou a bater forte. Não sei se por ter de chamar atenção de alguém em público se pela raiva surda de ainda haver gente tão estúpida neste país.
O que enerva é que era um grupinho de jovens em que os mais novos teriam, sei lá, 15 anos e onde esta postura é um mau prenúncio. Algum nervosismo e desconforto eu teria compreendido... é complicado termos que nos confrontar com a nossa (espécie humana) própria sexualidade, mas daí até ao que assisti/ouvi ontem....
Claro que este episódio faz-me sempre lembrar de um outro bem mais engraçado (porque não pode ser ouvido pela generalidade das pessoas e como tal não foi ofensivo) em que num grupo também de jovenzinhos (na altura) um deles empurrava os outros e sussurrava um "vamos embora, vamos embora" quando se viu passeado numa rua de bares gay friendly...
Infelizmente aqui não era disso que se tratava, embora também isso fosse condizente com aquilo que se passava no ecrã. Aquele recalcamento da coisa sexual. Mesmo do protagonistas do romance, o modo como se viam, o modo como julgavam que eram vistos...
E aquele sofrimento mudo de quem se sente obrigado a viver de outro modo para além daquele que lhe faz feliz que atravessou décadas, continentes e que ainda constatamos à porta do cinema quando encontramos aquele senhor distinto que conhecemos demasiado bem (talvez por nos ser familiar) e cumprimentamos o eterno amigo que o acompanha discretamente...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Very funny!! Só tu para desenterrares essa do baú!...outros tempos, né?...

Quando é que conversamos minha?

8:35 da tarde  
Blogger Al said...

Aqui em Paris também houve algumas risadas na sessão a que fui (sobretudo quando a mulher do Del Mar o vê a beijar o outro) mas nunca bocas e piadas.

9:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

soa realmente familiar...
G.

9:05 da tarde  

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