terça-feira, setembro 26, 2006

Um leitor pouco provável questionou-me sobre o post anterior. Claro que isto dá que pensar. Se calhar escrevi aquilo como quem poderia ter escrito outra coisa qualquer. Se calhar esta é apenas uma forma de encontrar verdades, de encontrar regularidades, de nos convencermos de qualquer coisa. Mas é certo que não concordo com aquilo que já tenho ouvido dizer da boca de muito boa gente: gostamos de sofrer. É uma treta! Gostamos de ser felizes, de amar e sermos amados de volta e uma das melhores maneiras de continuarmos apaixonados, ou com vontade disso, ou convencidos disso é sermos amados. A não ser naqueles casos em que nos envolvemos com alguém que nitidamente não tem nada a ver connosco, mas normalmente essas paixões acabam no final da adolescência. Nessa altura ainda cometíamos enormes erros de cálculo e aceitávamos namoro do moço simpático que guiava um honda e tentava comportar-se como um adulto. Depois dessa fase há o sexo, há a paixão genuína e arrebatadora pelos indivíduos intrigantes e há o amor. E o amor baseia-se em cumplicidade, projecto de vida e tusa. Claro, tusa. Estes três factores não vivem independentes e podem existir concomitantemente ou evoluir de uns para os outros. Claro que a questão se mantêm pertinente, sentiremos independentemente do que o outro sente? Amaremos sem sermos amados? E tendo sido amados o nosso amor extingue-se com a falta de reciprocidade? Sabemos que várias condições podem alimentar um incêndio: o calor, o vento, o combustível. Poderá o amor ser alimentado pela dúvida? Provavelmente. Pela ironia? Também. Pelo espicaçar? Sim. Pela indiferença? Durante muito pouco tempo. Pelo desamor? Não. Como amar quem não nos reconhece características “amáveis”? Sou compelida a concluir o mesmo. Mas talvez também seja obrigada a admitir que poderá existir dentro de nós, possivelmente para sempre, uma espécie de cookie que nos permite reconhecer o amor desse alguém que já amamos e nos amou. Talvez baste estimular essa lembrança e o nosso coração bata emocionado, talvez não. Eu não saberia dizer.

segunda-feira, setembro 25, 2006

mesmo os amores mais desesperados se alimentam de reciprocidade e por isso mesmo nunca amo quem eu sei que não me ama. não concebo a ideia de um amor impossível.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Crónicas passadas III

S. Gião.

Vamos as duas, tu ficas ali atrás daquele poste e eu vou lá. Pago o banho e deixo-te a porta aberta, depois é só entrar. Dois banhos pelo preço de um. Ai que vergonha amiga. Pronto. Está combinado.

Fico ali à espera, toalha ao ombro, bolsa de higiene debaixo do braço. Ali vêm eles. Palhaça. Sempre a fazer caretas e negaças. Ela entra, eu entro a seguir.

Ficamos nuas e conversamos tal qual como quando duas mulheres ficam nuas e se lavam. Rimos. Conta-me que o homem perguntou por mim: "a sua amiga não vem?" fez-se desentendida mas as caretas eram para que não viesse. Eu, claro, não entendi a tempo.

Ela acaba o duche, desliga a água. Entro na cabine e ligo a água. Um jacto morno que lentamente começa a levar consigo o pó do parque de campismo, da limpeza que fizemos à discoteca, a tinta seca da pintura do bar. Shampo, gel de banho, espuma cheirosa. Água fria. Subitamente alguém desliga o aquecimento. Raios. Gargalhada. Afinal o homem não é assim tão inocente e o truque é velho. Vais ter que lá ir amiga. Ai que vergonha. Pronto, vou lá e pago outro banho, sem comentários.

Toda a semana seguinte se passou assim. Pagavamos sempre dois banhos, depois disso entravam quinze pessoas que nos batiam à porta perguntando se já podiam entrar. O homem nunca mais desligou o gás. Foram das melhores férias que já tive. Amiga, trabalho, camaradas.

quinta-feira, setembro 14, 2006

uma amiga info-excluída pediu-me uma ajuda...


Pronto menina, é assim que se põe uma imagem !

quarta-feira, setembro 13, 2006

98 octanas

Como parte da minha reeducação (ah! e os imensos significados que isto tem!) tenho ido ao cinema. Ainda ontem tive o grato prazer de ver esta senhora entrar-me pela porta dentro para me convidar para assistir à ante-estreia deste filme. E como o próprio realizador nos pediu numa pequena intervenção antes da película ter início, estou aqui para dizer aos meus amigos que está um filme português em cena.

segunda-feira, setembro 11, 2006

em conversa num e-mail...

"...e eu PRECISAVA. Claro que isto do “precisava” em maiúsculas é obviamente um exagero, life goes on mesmo quando a gente acha que o nosso coração parou. "