segunda-feira, julho 31, 2006



É para aqui que vou... durante uma semana a baia é minha, o sol é meu, a paz é minha.

domingo, julho 30, 2006

Você é complexado? Então o seu caso é muito grave...*

Depois de se armar em vítima, arma-se em assertivo (obrigada pela correcçao ortográfica).

O querer: conquista-se, seduz-se, não se pedincha. E não se obtendo, a melhor estratégia não é definitivamente o ataque.

Além do mais que raio de gente é esta que acha que um insulto é melhor maneira de continuar uma conversa? E já agora, quem é que acha que um insulto é também a melhor forma de acabar com uma conversa? Há complexos de inferioridade tramados!

Esta foi a primeira vez que alguém me acusou de ser racista numa relação. E claro, essa merda ofende-me! O mundo é um local surpreendente...

Se há coisa que tenho de aprender é que é impossível gostar de toda a gente, e que não há forma de entender todos os pontos de vista, e se o meu não é certamente o único, nem o melhor, também não tenho de sempre integrar o olhar alheio reformulando sistematicamente a minha postura (pois, porque isto não é a escola e não sou obrigada a ser pedagógica).

É uma merda, mas não estamos na cabeça dos outros e o mais que podemos fazer é expormo-nos o mais honestamente que conseguimos, defendendo aquilo em que acreditamos, sentimos e somos da forma mais civilizada que sabemos e esperar retorno condizente. Se assim não for, já dizia o outro:

Amigo que não presta
Faca que não corta
Que vá c’o caralho
Que pouco importa


* Baseado no Slogan do SOS RACISMO "Você é racista? Então o seu caso é muito grave."

Restaurante do Campo Alegre: Quadra popular inscrita em prato de cerâmica

Amor que não presta
Faca que não corta
Que os leve o diabo
Que pouco importa

A aldrabice que fiz na quadra também pouco importa...

sexta-feira, julho 28, 2006

As trovoadas têm qualquer coisa de inaugural, qualquer coisa de início do universo como se as partículas de energia colidissem de novo para criar a matéria.

O vento anuncia-as e podemos pressenti-las no ar húmido e quente durante o dia. Rebentam ao final da tarde ou durante a noite e sabemo-las perto pelo intervalo que medeia o raio e o trovão.


Uma vez que o som e a luz se deslocam através da atmosfera a velocidades muito diferentes, pode estimar-se a distância da trovoada através da diferença de tempo entre o relâmpago (luz) e o trovão (som). A velocidade do som é de aproximadamente 332 m/s. A velocidade da luz é tão elevada (± 300 000 km/s) que pode ser ignorada nesta aproximação. Portanto, a trovoada estará a 1 km de distância por cada 3 segundos que passem entre o relâmpago e o trovão.

sábado, julho 22, 2006

A poesia é boa. A poesia é linda. A poesia não serve para nada. Ainda bem, por isso é linda, por isso é boa.

Não concordo que existam palavras a mais. Existe é poesia a mais. Porque os sentimentos são complexos mas deturpáveis e a puta da poesia passa a vida a torce-los.

As palavras são boas. As palavras são lindas. A conversa é útil. Ainda bem, é por isso que nos explicamos, nos fazemos entender, mostramos os nossos pontos de vista, fazemos política.

A vida é feita de conversas e não de poesia. A poesia da vida não se diz. Acontece. Ainda bem.

Se digo: o verão é o meu território, faço poesia. Se digo: amo o verão, no verão sinto-me mais parecida comigo, no verão a solidão é mais pequena mesmo que estejamos sós, o verão torna o meu corpo mais flexível, mais bonito, mais dócil, estou a dizer a verdade. Estou a falar. Estou, eventualmente, a conversar.

Que boa a conversa, que bom contar uma história, dar-lhe detalhes, emprestar-lhe cores, fazer rir com a nossa conversa, tomar decisões, discutir soluções. Que boa é a conversa. Que bom é a troca. Que bom não pensar muito antes de falar.

Nem sempre conseguimos. Somos falíveis como o raio que o parta, somos muito complicados, somos poéticos, somos parvos.

Dizemos poesia em vez de dizer:
"coça-me as costas"
"vai trabalhar malandro!"
"faz-me um pão com manteiga"
"vamos sair?"
"queres um beijo?"
"faz-me um filho..."
"já ouviste esta?"
"estou cansada"
"quanto é que ganhas?"
"não sei o que fazer"
"ajuda-me"

Quero falar. Quero dizer. Quero expor. Quero entender e fazer-me entender. Quero soluções de compromisso, negociadas, discutidas, argumentadas. Quero deixar de falar sozinha e em código, quero combinar coisas contigo, quero que as palavras sejam prática e realidade.
Quero dar à língua e quero beijos franceses e estou fartinha de poesia.

quinta-feira, julho 20, 2006

Future posts

das trovoadas inaugurais
do som debaixo de água
das flores que nascem em Moçambique
daquilo que escrevemos quando já não aguentamos mais
do sono descoberto nos dias de calor
das contradições
da pele que se bronzea ao longo do Verão...

segunda-feira, julho 17, 2006

novo layout

Bem sei que este novo template é muito pretencioso. Ou melhor, é adequado apenas a determinadas temáticas e/ou estados de espírito. Talvez por isso e porque a fotografias ficam melhor contra um fundo negro, decidi mudar.
Se alguém me quiser dar umas lições de html prometo que personalizo esta coisa de maneira a coadunar-se melhor com aquilo que sou/estou (seja lá o que isso for...).
Lições de flash, guitarra e vida também são bem vindas.

quinta-feira, julho 13, 2006

arrebatamento


Como juncos verdes, como seara seca, mais da amplitude do céu do que da terra. Finas hastes abraçadas pelo vento, tocando em bicos de pés o solo que as prende.

terça-feira, julho 11, 2006

Diariamente

Pega neles de manhã e vão tomar todos o pequeno-almoço à confeitaria. Digo-lhes que é uma tolice gastar dinheiro na rua mas riem-se da mãe e vão todos entretidos a fazer imenso barulho na caixa de escadas. Enquanto meto mais qualquer coisa numa mochila (já vou atrasada) vejo-os sair rindo. Está tempo de chuva e vão com umas galochas inacreditavelmente berrantes, os três. Vão para perto. Depois os pequenos passarão o dia todo na escola. O grande ficará, como sempre, trabalhando nos milhares de projectos em que se envolve. Eu vou também.

Quando regressarmos, a casa voltará ao barulho e à azáfama, agora é silêncio e calma.

Ele virá contando as aventuras do dia e vai falar-me de muita gente que não conheço só para que eu diga "e esse é quem?" e "essa era qual?" enquanto me entretenho com tralhas que são só minhas. Lá dentro há coibóiada, jogos e música. Eles também têm tralhas que são só deles em que nós não tomamos parte e ainda bem. Depois também eles vêm contar-nos coisas.

As histórias intermináveis da professora, do recreio, dos amigos, das actividades extra, todas as coisas que lhes são importantes relatadas ao ritmo alucinante de um relato de futebol. Rimo-nos juntos. Ele, sentado mais ao longe, diz-me com os lábios aquilo que tem planeado só para nós os dois. Desconcentro-me uns segundos. "ouviste?". Sim. Descobriram um tesouro hoje e isso é mesmo especial. Depressa se esquecem do tesouro, o pai chama-os para que cavalguem nas suas pernas. Gritam.

Hoje ficam com um primo durante a noite. A perspectiva entusiasma-os. Poderão dançar com ele. O primo dança, rebenta colunas de som, dá cabo do juízo dos vizinhos, fuma cigarros de enrolar, beija-os na boca, deixa-os estourados a dormir no sofá e fica a ver filmes até tarde. Aprenderão coisas que não sabemos ensinar-lhes.

Voltaremos ligeiramente ébrios, demasiado perto do início da manhã, quando o azul se torna violeta. Dormirão os três na sala em pantanas. Deixemo-los lá. Ninguém dará por nós apesar das mantas que se ajeitam em cima dos corpos.

Deitemo-nos. Acaricia-me as coxas. Adormece-me com os teus dedos no meu sexo. Já nos amámos muito esta noite.
Amanhã quero dormir até tarde e se os putos despertarem cedo vai andar com eles de bicicleta na rua. Chapinem nas poças. Tu nunca dormiste muito.

Quando chegarem prometo sumo de laranja para todos.

segunda-feira, julho 10, 2006

amo-te

a primeira vez que me disseste "amo-te", escreveste-me.
Bip. Bip. Bip.
aquela palavra. nem soube o que pensar. liguei-te para que mo confirmasses.
disseste-o uma vez mais, no meio de uma multidão, aproximaste-te de mim e suspiraste "amo-te" ao meu ouvido, deixando-me atrapalhada no meio de uma conversa simples que decorria fluida entre um grupo de desconhecidos sentados num banco corrido. lembro a felicidade estampada no teu sorriso.
"amo-te" sem mais.
"amo-te" sem contrapartidas.
"amo-te" porque és a minha menina.
"amo-te" porque vais contra tudo e todos para me amares à tua maneira.
"amo-te" porque cresces e aprendes todos os dias.
eu também te amo e nunca to disse. pelo menos assim, com as palavras todas. um dia achei que não te amava mais. só muito mais tarde compreendi que nunca se deixa de amar alguém.

a segunda vez que me disseste "amo-te" não o disseste.
olhaste-me, desviando os olhos do luminoso mediterrâneo e mergulhando na penumbra onde nos encontrávamos abraçados, e olhaste-me amando.
tão surpreendido tu como eu com esse amor que escorria infinito dos teus olhos água.
não te perguntei se me amavas. amavas. eu amava. nunca pensei sobre isso.
um dia, isso deixou de ser suficiente e eu comecei a sentir necessidade de nos dizer que te amava.

a terceira vez que me disseste "amo-te" ...

domingo, julho 09, 2006

to do list

Nada como enfiar contas num colar para realinhar todas as nossas prioridades.

sexta-feira, julho 07, 2006

Desejo...

que me doa tanto como te dói a ti, durante todo o tempo que a ti te doer.

quinta-feira, julho 06, 2006

teus olhos, ó minha mãe
brilham mais do que o sol
porque o sol é um apenas
e os teus olhos são dois sois

os braços puxados com força, as palavras que não são ditas, os olhares que inspiram mais medo do que amor. [não foi um erro]
as convicções que destruimos a cada conversa, os mangericos que nos morrem em cima da mesa, as prendas que trocamos. [a minha mulher dança]

perdoem-me, meus amores, as hipóteses. [será que poderei perdoar-vos?]

os beijos que se recebem como prendas.
o julgamento em cada palavra.
a soberba das certezas que não se têm.

(as frases que ficam por terminar, as ideias por concluir, as conclusões que se precipitam)

teus olhos, ó minha mãe...

o hesitar nas palavras meigas, o vomitar as palavras duras, a delicadeza [que...].

brilham mais do que o sol...

a simplicidade imaginada.

porque o sol é um apenas
e os teus olhos são dois sois.

domingo, julho 02, 2006

"Era o que faltava!" - disse ele.

"era o que faltava..." - pensou ela!

sábado, julho 01, 2006

Não me apetece escrever.
Tenho muitas palavras mas nenhuma é a adequada.