quarta-feira, agosto 30, 2006
domingo, agosto 20, 2006
sábado, agosto 19, 2006
Esta lista vai ser provavelmente o meu castigo daqui a dois anos. Entretanto, um beijo enorme aos queridos amigos que foram colocados nas escolas que desejavam ou mesmo nas escolas possíveis, aos outros... beijos, beijos, beijos.
quinta-feira, agosto 17, 2006
MAXIME

Dias mais tarde, chegar já a entrar pelas 4 da manhã, com duas proibitivas capirinhas de meio litro a bulir-me com o espírito, dar um pezinho de dança with a very dear friend (pois é, nem sempre os homens querem alguma coisa comigo) partir contrariada, parar o carro em frente ao prédio já com a luz das manhãs fabulosas do sul a invadir-me os olhos.
Noites assim trazem-me dias a fio sorumbática e calada quando retorno a esta cidade castigo.
Lápis azul
Declaro oficialmente este espaço como um local sentimentalmente correcto [porque há censuras que só nós nos podemos impor]
quarta-feira, agosto 16, 2006
que ela morresse sozinha. que alguém a matasse. sempre pensei que seria capaz de praticar eutanásia.
terça-feira, agosto 15, 2006
pen pal
Com 11 ou 12 anos tive uma pen pal, já não faço puto ideia de como se chamava, sei que tinha a minha idade e vivia no Brasil, não sei onde. Lembro-me porque lhe deixei de escrever. A minha mãe violou, um dia, uma carta em que ela dizia que tinha ido à matiné, com os primos ou irmãos, de uma discoteca chamada o Fantasma da Ópera. Do nome da discoteca nunca me esqueci. Sei que houve uma sessão de baba e ranho lá em casa. Eu achava que a minha cartinha era um pequenino espaço de privacidade dentro da privacidade que não existia no espaço familiar e a representante da autoridade caseira achava que aquilo era um direito que lhe assistia.
Nunca mais tive um/a pen pal oficial, daquelas que a escola nos incentivava a escolher entre as centenas de meninos de outras escolas de todo o mundo que também estavam dispostos a partilhar as suas jovens experiências com alguém que nunca tinham visto.
Tive mais tarde um bloco onde escrevia para mim. 13 anos. Um dia escrevi nele algo tão piroso como isto: "era tão lindo ver escrito numa árvore: joana loves paulo". O desgraçado do Paulo, era um imberbe moço de igual idade que servia como acólito todos os domingo. De nada adianta o choro perante a implacável ironia de uma mãe. Não era apenas a ironia era o amesquinhamento.
A partir dai comecei a ser muito mais cuidadosa.
Descobri aos 15, alguém que se tornou durante anos a fio o interlocutor dos meus ímpetos epistolares. Era praticamente irrelevante se me lia ao não, o importante era eu escrever. O importante era as cartas serem mandadas e não ficarem ali debaixo de olhares alheios. Respondeu-me apenas uma vez, foi ele que me disse: "escrevo-te mas não me apetece escrever-te, apetece-me falar-te e depois dormir contigo que é o acto mais íntimo que conheço". Também foi ele a primeira pessoa que me disse que escrevia bem.
Acabou quando dormimos juntos, muitos anos depois. Também não interessava, não era a ele que eu escrevia, ele era apenas o Prince das minhas fantasias, ao fim de alguns anos, quem ele era, de facto, não tinha importância nenhuma mesmo que eu dissesse que não. Enquanto o construia era a mim que ia construindo e crescendo e pensando sobre os assuntos que discutia com ele por carta.
Depois veio a era dos teclados e o chat. Para quê escrever quando podemos conversar? Claro que tudo isso, o mIRC, as pessoas que não conhecemos é muito limitado, até o dia em que conheces realmente alguém a quem vale a pena escrever um e-mail em vez de um sorriso electrónico em tempo real. Ansiar a resposta, ou não, pensar naquilo que se escreve mesmo quando aquilo que se escreve não é poesia. Contar o dia-a-dia ou cifrar uma mensagem (quase um poema).
Depois durante muito tempo nada. Escrever o quê? Escrever a quem? Escrever para quê? Muitas vezes pensamos e perdemos aquilo que pensamos. Esquecemo-nos. Mesmo isto que agora escrevo não seria muito melhor dito? Uma conversa pequenina, cujo objectivo único é darmo-nos a conhecer a alguém que nos interessa e se interessa em conhecer-nos. Mas é verdade que a falta de registo incomoda.
Voltei a escrever por isso mesmo, o blog e coisa e tal. Essas coisas ainda mais modernas que o velho e desvirtuado mIRC. Durante bastante tempo a coisa andava às pancadas, aos trambolhões, faltava-me o destinatário, real ou imaginário. Agora não.
Nunca mais tive um/a pen pal oficial, daquelas que a escola nos incentivava a escolher entre as centenas de meninos de outras escolas de todo o mundo que também estavam dispostos a partilhar as suas jovens experiências com alguém que nunca tinham visto.
Tive mais tarde um bloco onde escrevia para mim. 13 anos. Um dia escrevi nele algo tão piroso como isto: "era tão lindo ver escrito numa árvore: joana loves paulo". O desgraçado do Paulo, era um imberbe moço de igual idade que servia como acólito todos os domingo. De nada adianta o choro perante a implacável ironia de uma mãe. Não era apenas a ironia era o amesquinhamento.
A partir dai comecei a ser muito mais cuidadosa.
Descobri aos 15, alguém que se tornou durante anos a fio o interlocutor dos meus ímpetos epistolares. Era praticamente irrelevante se me lia ao não, o importante era eu escrever. O importante era as cartas serem mandadas e não ficarem ali debaixo de olhares alheios. Respondeu-me apenas uma vez, foi ele que me disse: "escrevo-te mas não me apetece escrever-te, apetece-me falar-te e depois dormir contigo que é o acto mais íntimo que conheço". Também foi ele a primeira pessoa que me disse que escrevia bem.
Acabou quando dormimos juntos, muitos anos depois. Também não interessava, não era a ele que eu escrevia, ele era apenas o Prince das minhas fantasias, ao fim de alguns anos, quem ele era, de facto, não tinha importância nenhuma mesmo que eu dissesse que não. Enquanto o construia era a mim que ia construindo e crescendo e pensando sobre os assuntos que discutia com ele por carta.
Depois veio a era dos teclados e o chat. Para quê escrever quando podemos conversar? Claro que tudo isso, o mIRC, as pessoas que não conhecemos é muito limitado, até o dia em que conheces realmente alguém a quem vale a pena escrever um e-mail em vez de um sorriso electrónico em tempo real. Ansiar a resposta, ou não, pensar naquilo que se escreve mesmo quando aquilo que se escreve não é poesia. Contar o dia-a-dia ou cifrar uma mensagem (quase um poema).
Depois durante muito tempo nada. Escrever o quê? Escrever a quem? Escrever para quê? Muitas vezes pensamos e perdemos aquilo que pensamos. Esquecemo-nos. Mesmo isto que agora escrevo não seria muito melhor dito? Uma conversa pequenina, cujo objectivo único é darmo-nos a conhecer a alguém que nos interessa e se interessa em conhecer-nos. Mas é verdade que a falta de registo incomoda.
Voltei a escrever por isso mesmo, o blog e coisa e tal. Essas coisas ainda mais modernas que o velho e desvirtuado mIRC. Durante bastante tempo a coisa andava às pancadas, aos trambolhões, faltava-me o destinatário, real ou imaginário. Agora não.
sábado, agosto 12, 2006
sexta-feira, agosto 11, 2006
segunda-feira, agosto 07, 2006
across the ocean call
ligo-te. ligo-te uma vez. despreocupadamente. ligo-te mais uma vez. não atende... está ocupado. ligo uma vez mais. não atende... aquilo realmente dá muito trabalho. ligo. ligo. ligo. ligo-te já muito tarde. agora certamente está perto do telefone. não está. amanha ligo. deixou o telefone no carro. ligo à tarde. ligo uma vez mais. ligo. ligo. nego as imagens que me surgem na cabeça. ligo. tenho a certeza. ligo. tenho verdadeiramente a certeza. ligo. começo o processo habitual de imaginar desculpas. inventar hipóteses. rever ideias. ligo. penso em ligar a mais alguém. este não. aquele também não é boa ideia. não, ligar a este é po-lo em causa. ligo. ligo. uma boa oportunidade de saber noticias. ligo. ligo. queria desiludir-me antes de ter a certeza. ligam-me. não há nada que eu não saiba sobre ti. nesse aspecto somos exactamente iguais. quiseste rebentar esta bolha a que chamam pressão. entendo. entendo perfeitamente. mas nesta altura do campeonato... enfim. não digo. quero ouvir-te do outro lado da chamada. ligo. ligo. ligo. ligo-te.
domingo, agosto 06, 2006
sexta-feira, agosto 04, 2006
savoy, 3 de agosto de 2006
automaticamente.
como quem costura.
como quem borda.
como quem debita produtos numa maquina registadora.
como quem fode esquecido do que é o amor.
bateria e baixo em compasso certo e firme.
em volteios inúteis o piano.
tão gastos como o veludo do sofá: os olhares vazios, os bigodes que já não se usam, os aplausos automáticos da parca assistência.
uma voz escorre grave, suave, fio de som no microfone com efeito echo. standarts de sempre, repetidos até à exaustão, cantados em todas as noites desde que a noite se faz naquele bar de hotel.
uma tez de Goa. uma pele de quem não é de cá. olhos escuros de quem viu a Índia para depois ver Moçambique para aqui chegar condenando o som ao modo repeat.
e só se ouve música quando no trio se fecham os olhos, e as imagens crescem dentro das cabeças dos músicos como pautas, como flores, como serpentes, quando lá fora não há piscina, não existem turistas, não há hotel e não existo eu despedindo-me com um baixar de olhos dos músicos ao fim da noite. quando eles não se despedem de mim com um súbito olhar de homens.
como quem costura.
como quem borda.
como quem debita produtos numa maquina registadora.
como quem fode esquecido do que é o amor.
bateria e baixo em compasso certo e firme.
em volteios inúteis o piano.
tão gastos como o veludo do sofá: os olhares vazios, os bigodes que já não se usam, os aplausos automáticos da parca assistência.
uma voz escorre grave, suave, fio de som no microfone com efeito echo. standarts de sempre, repetidos até à exaustão, cantados em todas as noites desde que a noite se faz naquele bar de hotel.
uma tez de Goa. uma pele de quem não é de cá. olhos escuros de quem viu a Índia para depois ver Moçambique para aqui chegar condenando o som ao modo repeat.
e só se ouve música quando no trio se fecham os olhos, e as imagens crescem dentro das cabeças dos músicos como pautas, como flores, como serpentes, quando lá fora não há piscina, não existem turistas, não há hotel e não existo eu despedindo-me com um baixar de olhos dos músicos ao fim da noite. quando eles não se despedem de mim com um súbito olhar de homens.
crónicas futuras 0 (sub-produto das crónicas futuras I)

Do Casino escolhemos a esquerda e a Baixa, o café do Teatro, ou a direita e a estrada Monumental com os seus hoteis finos e/ou decadentes.
Talvez um dia o meu futuro passe por aqui e seria muito mais fácil se tudo fizesse sentido. Já fez mais do que agora faz, mas todas as coisas são uma questão de hábito. O amor, a solidão, a terra em que vivemos, a terra que adoptamos. Mesmo que essa terra seja um pedaço de vulcão perdido no meio do mar.
Dizem-me que é possível ser feliz aqui. Dizem-me que há quem tenha nascido e morrido aqui sem ser de distância, de solidão, de insularidade. Não sei. Na verdade sei muito poucas coisas.